BRASIL BIOMASSA

A demanda global de energia, medida pelo consumo final total, está aumentando a uma taxa acelerada, impulsionada pelos avanços na eficiência energética. O consumo de combustíveis fósseis deve cair de 65% em 2030 para 20–50% em 2050. A redução no uso de hidrocarbonetos de aproximadamente 80% para entre 20 e 55%, o rápido aumento da energia renovável de 10% para 35–65%, o aumento da participação da energia elétrica de 20% para 33–50% e o aumento do uso de hidrogênio de baixo carbono para 13–21% são alguns dos fatores que influenciam o futuro da energia global.
O aumento da produção agrícola para apoiar a população mundial em rápido crescimento resultou numa quantidade significativa de resíduos agrícolas. A gestão imprópria ou inadequada necessita da implementação de estratégias de utilização e valorização de ponta, sendo o planeamento eficaz o aspecto mais importante da gestão atual e futura dos resíduos agrícolas.
O conceito de desperdício zero, que envolve a conversão de resíduos agrícolas e industriais em energia, é uma abordagem muito amiga do ambiente. Reduz a quantidade de resíduos que devem ser eliminados, ao mesmo tempo que aumenta os rendimentos dos agricultores, permitindo-lhes vender os resíduos da produção como matérias-primas para a produção de energia alternativa. 
O setor sucroenergético é crucial para as economias de muitos países. A produção de cana-de-açúcar do Brasil para a safra 2024/25, conforme o terceiro levantamento pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), está estimada em 678,67 milhões de toneladas, o que representa uma diminuição de 4,8% em relação à safra anterior. No entanto, a área destinada à colheita apresentou crescimento de 4,3%, alcançando 8,7 milhões de hectares, resultando em um aumento na extensão plantada. 
O desafio do setor sucroenergético de aproveitamento do excedente de bagaço e da palha da cana-de-açúcar e o biopellets pode ser uma solução ao setor. O biopellets é uma solução sustentável e multifuncional para mudanças climáticas pode ajudar a construir resiliência em comunidades locais de alto risco e sensíveis ao impacto das mudanças climáticas.  Em face do aumento das temperaturas globais, eventos climáticos extremos e a necessidade resultante de aproveitamento de todos os tipos de biomassa, o biopellets oferece uma solução interseccional para questões em torno dao aproveitamento da biomassa da cana-de-açúcar para o desenvolvimento econômico.
Desde 2022, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) defendeu que as tecnologias de aproveitamento da biomassa são um complemento necessário às reduções de emissões para atingir um futuro líquido zero e limitar o aquecimento global a 2°C ou menos. O biopellets é uma das tecnologias reconhecidas pelo IPCC e também é uma das soluções mais acessíveis e prontas para o mercado. 
A Cosan Biomassa (Raizen) adotou uma política de uso palha de cana-de-açúcar  como matéria-prima para a produção de biopellets (maior planta mundial de biopellets).  A unidade  industrial de processamento de biopellets está sendo instalada na cidade de Jau no Estado de São Paulo com uma produção  de 175.000 mt/ano.